OBSERVAÇÃO: TEXTO DE UM TEMPÃO ATRÁS...
Enfim, mais uma manhã. Outono se despedindo, primavera
chegando e, principalmente, as manhãs frescas e iluminadas se apresentam ao
abrir das cortinas. O sol brilhando. Abro a janela e o vento bate em meu rosto.
Olho ao redor. Em várias casas, para seus moradores o dia, ainda
nem começou. Nos pontos de ônibus, ao contrário, o sinal de que, para outros, o
dia começou bem antes do raiar do sol.
Para mim, em frente à janela, o dia vai despontando, com uma
espreguiçada, daquelas que fazem nosso coração bater mais forte. Inspiro o ar e
sinto a liberdade entrar nos meus pulmões através da brisa matinal.
Ao olhar para uma sacada me deparo com a demonstração mais
verdadeira e autêntica de liberdade.
Um senhor, de cerca de 70 anos, nu, apoiado com os cotovelos
sobre o muro da sua sacada. O mesmo vento que me acaricia o rosto, acaricia
todo o seu ser.
Observo mais um pouco e vejo que ele se sente à vontade e,
sua liberdade é exercida de forma ampla. O sol iluminando todo o seu corpo e,
na mão direita uma xícara de café.
Um café... nada melhor que um café para nos despertar na
manhã. Puro e forte, nos estimula a iniciar as tarefas do dia.
Nessa hora escuto o apito da cafeteira elétrica que finaliza
o seu trabalho e, perfuma o ambiente do meu lar com o cheiro inigualável que só
um café tem. Meu olfato é aguçado pelo aroma que permeia toda a casa,
juntamente, com o odor da manhã que, adentra meu lar, pela janela aberta.
Embaixo do meu prédio, o burburinho da rua indica que,
realmente, o dia começou. Na padaria em frente, as senhoras entram e saem com
suas compras de pão de sal e pão de queijo. Todos fresquinhos, mérito e
dedicação do padeiro que, as 4 horas da manhã, já estava exercendo seu ofício.
As manhãs em Belo Horizonte, cheiram a montanhas, a orvalho,
a Ipês rosas, amarelos e brancos, tudo isso misturado ao meu cafezinho já
pronto na cafeteira. Cheira a pão de queijo, patrimônio cultural do Brasil.
Particularmente, essa manhã tem um odor específico: o da
liberdade. Liberdade de ser, de ir, de vir. Assim, como o vento.
O senhor nu na sacada? Já se foi. Explicitando a tão merecida
liberdade, que só a maturidade nos permite viver em plenitude. Talvez ele saia
de casa, talvez fique.
Tenho apenas uma certeza: Precisamos de liberdade. Tal qual a
bandeira do Estado de Minas Gerais: Libertas quae sera tamen (liberdade
ainda que tardia).
Nessa manhã, o cheiro da liberdade se ressaltou. Vou-me
livre.
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