sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

CAMINHANDO CONTRA O VENTO SEM LENÇO SEM DOCUMENTO... EU VOU...

 

OBSERVAÇÃO: TEXTO DE UM TEMPÃO ATRÁS...

Enfim, mais uma manhã. Outono se despedindo, primavera chegando e, principalmente, as manhãs frescas e iluminadas se apresentam ao abrir das cortinas. O sol brilhando. Abro a janela e o vento bate em meu rosto.

Olho ao redor. Em várias casas, para seus moradores o dia, ainda nem começou. Nos pontos de ônibus, ao contrário, o sinal de que, para outros, o dia começou bem antes do raiar do sol.



Para mim, em frente à janela, o dia vai despontando, com uma espreguiçada, daquelas que fazem nosso coração bater mais forte. Inspiro o ar e sinto a liberdade entrar nos meus pulmões através da brisa matinal.

Ao olhar para uma sacada me deparo com a demonstração mais verdadeira e autêntica de liberdade.

Um senhor, de cerca de 70 anos, nu, apoiado com os cotovelos sobre o muro da sua sacada. O mesmo vento que me acaricia o rosto, acaricia todo o seu ser.

Observo mais um pouco e vejo que ele se sente à vontade e, sua liberdade é exercida de forma ampla. O sol iluminando todo o seu corpo e, na mão direita uma xícara de café.

Um café... nada melhor que um café para nos despertar na manhã. Puro e forte, nos estimula a iniciar as tarefas do dia.

Nessa hora escuto o apito da cafeteira elétrica que finaliza o seu trabalho e, perfuma o ambiente do meu lar com o cheiro inigualável que só um café tem. Meu olfato é aguçado pelo aroma que permeia toda a casa, juntamente, com o odor da manhã que, adentra meu lar, pela janela aberta.

Embaixo do meu prédio, o burburinho da rua indica que, realmente, o dia começou. Na padaria em frente, as senhoras entram e saem com suas compras de pão de sal e pão de queijo. Todos fresquinhos, mérito e dedicação do padeiro que, as 4 horas da manhã, já estava exercendo seu ofício.

As manhãs em Belo Horizonte, cheiram a montanhas, a orvalho, a Ipês rosas, amarelos e brancos, tudo isso misturado ao meu cafezinho já pronto na cafeteira. Cheira a pão de queijo, patrimônio cultural do Brasil.

Particularmente, essa manhã tem um odor específico: o da liberdade. Liberdade de ser, de ir, de vir. Assim, como o vento.

O senhor nu na sacada? Já se foi. Explicitando a tão merecida liberdade, que só a maturidade nos permite viver em plenitude. Talvez ele saia de casa, talvez fique.

Tenho apenas uma certeza: Precisamos de liberdade. Tal qual a bandeira do Estado de Minas Gerais: Libertas quae sera tamen (liberdade ainda que tardia).

Nessa manhã, o cheiro da liberdade se ressaltou. Vou-me livre.

 


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