A VERDADE NUA E CRUA
Vendo filme românticos... “O Diário de uma paixão”...
FOTO DA WEB DE O DIÁRIO DE UMA PAIXÃO
FOTO DA WEB DE O DIÁRIO DE UMA PAIXÃO
Maravilhoso, mal consigo conter as lágrimas. Muito, muito
lindo! E o final? Reflito e penso como uma pessoa podia estar tão inspirada
para escrever uma estória dessas? Minha estória de amor na maioria das vezes é romântica. Basta
abster-me de detalhes do tipo: querer pular da janela, pois não consigo
descansar devido à amamentação de três em três horas e sonegar o fato de eu só
não ter pulado porque estava tão gorda que não passaria pela grade da janela.
Sim eu falei isso! Se abster-me ainda de pequenas coisas do gênero minha estória
é linda! Nada como editar a fita, retirando cenas mal gravadas da edição final
do filme.
Mais, sonegando ainda o fato abaixo narrado, fica melhor do
que nunca!
Batizado do meu filho. Estava uma verdadeira “rolha de poço”
e como não havia roupa que me coubesse, resolvi comprar uma, mas não porque
estava gorda, ma sim porque se tratava de um evento importante na vida do meu
filho e a ocasião pedia, portanto, uma roupa nova. Estava realmente cega sobre
o meu excesso de peso. Embora, quando tenha perguntado para a minha mãe sobre
se eu estava gorda ou não ela discretamente tivesse me falado: “Assim, não é gorda... é que você, desde que
emagreceu na adolescência, nunca mais tomou esta forma”. Considerando que na
adolescência eu emagreci 25 quilos, não era necessário falar mais nada.
Mas os hormônios tinham tomado conta da minha pessoa e, como a
mamãe bem me lembra, nesta época eu estava furiosa. Nada, absolutamente nada
podia me contrariar. Então, minha família evitava entrar nesse assunto.
Pois bem,no dia do Batizado, me vestindo, fui tomada de uma
certa sanidade mental e vendo minha forma no espelho, me perguntei se realmente
eu não estaria um pouco acima do peso, notem a utilização do eufemismo, apenas um pouco acima do
peso.
Não me bastou a numeração do
vestido estampando um enorme G. Era preciso mais. Resolvi, então, subir na
balança para conferir meu peso. Detalhe, estava evitando este embate à quatro
meses e, olha que o sacrifício era grande, pois adoroooro subir na balança.
Nesta hora, quando fui caminhando para o banheiro e puxando a
balança debaixo da pia da suíte, Fred me abordou e falou: “Lê, o que você vai
fazer?” De certo já prevendo o escândalo que seria quando eu me deparasse com
os números reais que a balança me forneceria. A VERDADE NUA E CRUA.
FOTO DA WEB DE A VERDADE NUA E CRUA
FOTO DA WEB DE A VERDADE NUA E CRUA
Fred,tranquilamente, mas apreensivo disse: “Pra que? Você está
linda! Não vai ser a balança que vai te dizer o contrário, não é mesmo? Deixa
isso pra lá.”
Mesmo assim resolvi pesar. Os números da dita cuja saltaram
sobre a minha cara. Não acreditei. Voltei para o espelho e me olhei mais uma
vez. Será que eu estou tão sem noção? Porque o que vejo no espelho não é o que a
balança me diz.
Olhei para o Fred e disse: “Fred você está me achando gorda?”
Ele já quase esboçando um início de um enfarto fala: “Não Lê você está linda.
Talvez você esteja se sentido diferente porque sempre foi muito magrinha e
agora é normal estar um pouquinho acima do peso. Afinal você acabou de
ter filho, mas isso é temporário.”
Reflito mais uma vez e digo: “É tem alguma coisa errada...
não estou nada satisfeita
Fred prevendo o caos, senta na cama e me olha, calmamente, pronto para escutar mais um discurso histérico, mas sem
demonstrar sua apreensão.
Respiro e digo: “A balança está estragada. É isso...fiquei
muito tempo sem usá-la e a bateria deve ter viciado ou estragado. Você compra
uma bateria nova para a balança?"
Aliviado Fred sorri e diz: “Compro sim Lê, mas hoje é
domingo, e já está na hora da gente ir para a Igreja. Então na segunda eu
compro, tudo bem?
Fico feliz com a minha ignorância e vou satisfeita para o
Batizado.
Aliás, um professor na Faculdade já dizia que a ignorância é a mãe da felicidade. A pessoa ignorante não almeja mais do
que já tem, pois não conhece outra coisa diferente do que o que foi apresentado
para ela.
Três semanas mais tarde... na casa da minha sogra, a
fotógrafa vai me entregar as fotos do evento. Meu sogro todo animado coloca o
CD no computador e põe no modo de exibição de slides.
De repente vai brotando duas bochechas gigantes com um nariz
escondido no fundo. A imagem vai crescendo e, qual não é minha surpresa, quando
vejo que se tratam de minhas bochechas... Gigantes redondas e, para acabar com
qualquer esperança, realçadas por um blush rosa.
Tomo um choque e, ato contínuo, decido que ninguém mais vai
ver as fotos. Meu sogro diz: “ A não Lelê, que culpa a gente tem de você estar
gorda. Ninguém aqui está jogando comida goela adentro de sua boca. Deixa a
gente ver as fotos do Dundum (leia-se meu filho mais velho).” Realmente, palavras de
sabedoria. Decido, então que a farra da barra de chocolate “leve três e pague
um" tinha que acabar e, assim, resolvo fazer uma reeducação alimentar.
Sorte do Fred que estava viajando a trabalho e bem longe de
Minas.
Do outro lado do oceano Atlântico, pois, certamente, iria ouvir não só um
escândalo como uma verdadeira ladainha de como a vida é dura com as mulheres,
porque isso acontece comigo e etc e tal...
Como se eu não soubesse a resposta: “Fecha a boca e para de
comer uma barra de chocolate de 180 gramas por dia! Não adianta mais a desculpa
de que a fome de amamentação é de pão, macarrão, doce. A fome de todo mundo é
de coisa gostosa. Alguém já viu uma pessoa perder o controle com uma tigela de chuchu,
ou com uma bandeja de alface? Melhor!! Algum ser humano já viu alguém perder a
cabeça por um prato de nabo?”
Aí, me vem à cabeça mais uma frase de sabedoria de uma
personagem da Débora Secco: “ As mulheres tem que escolher: ou serem felizes ou
serem magras.”
Mais um significado
para a palavra injustiça.
Beijocas,
Lê.
PS: Dois filmes que merecem ser vistos "O DIÁRIO DE UMA PAIXÃO e "A VERDADE NUA E CRUA"
Nenhum comentário:
Postar um comentário