sexta-feira, 26 de maio de 2017

COLUNA: CAUSOS E ACAUSOS: COCÔ... BEM FORA DAS ESTATÍSTICAS.

Para esta semana vem na coluna CAUSOS E ACAUSOS: COCÔ, FORA DAS ESTATÍSTICAS.

FOTO DA WEB

Bom, night, sem compromisso. Fim de namoro recente, e a última coisa que queria era compromisso.

Música rolando na pista. Bebida muito boa, e depois de tantos anos de namoro, uma formatura em curso superior e um emprego descente: o mais importante!!! Dinheiro para comprar TODAS as bebidas que quisesse consumir.

Comecei com caipivodca (de Absolut, porque eu merecia). Nada de caipirinha com pinga (apesar do pleonasmo, é só para ficar claro que minha época de pinga e vinho sangue de boi tinha ficado para trás) e, também, nada de vodca nacional.

Depois passei a acompanhar minhas amigas na tequila e quando já estávamos calibradas, passamos para os mojitos.

Não que fossemos alcoólatras, apenas ecléticas no gosto para bebidas.

Então, no meio desta degustação etílica, intercalamos muita água e tira gostos para compensar o álcool.

Não me importei porque estava magra mesmo e, enfim, esbaldar por uma noite, não tem problema, a manhã seguinte serve para correr e para jejum com permissão de apenas salada no almoço.

Pois bem, eis que me aparece um gato. Cara bonito, ajeitado mesmo. Corpo bacana e principalmente, idade adequada: mais de 35 anos pelo menos.

Olhei, porque não tira pedaço e, porque estava tonta mesmo. E, por fim, não esperava nada da noite.

Não tenho o hábito de ficar de cara com alguém. Nem lembro a última vez que isso aconteceu.
Mas enfim, lá estava eu, e lá estava ele.

Minha colega avisa: “Se der super química, coisa de não aguentar, fica com ele. Se entrega e se esbalda. Não tem porque ficar segurando sua vontade, você não namora mais. Mas não faça por obrigação. Se rolar rolou”.

Gente eu só tinha olhado e ela já vem com essa conversa? Faço ideia do espichão de olho que lancei no homem.

Logo depois já estava ele do meu lado.

Não lembro o que falou. Foquei só na química. E gente!!! Que química. A voz, o hálito, o corpo, e claro o efeito do álcool... fizeram a combinação perfeita.

Quando dei por mim, já estava beijando o cara.

Mais um pouco, estava indo embora do local.

Mais um pouco, estava dando uns amassos no carro.

Mais um pouco, estava com a mão nele e ele em mim.

Mais um pouco, estava na porta do motel.

Um pouco mais, estava dentro do quarto do motel, entrando e batendo as costas na parede, com uma pegada firme, que só quem já foi pega sabe explicar.

Daí, de repente, não mais que de repente, e vou dizer, quase não acreditei!!! Fiquei com uma vontade incontrolável de fazer cocô. Estava insuportável e não dava para segurar. Se não me desvencilhasse, iria literalmente, com o perdão da palavra (que a ocasião constrangedora permite usar) “cagar” em cima dele.

Então, o beijei e disse: “Calma, vou me recompor para você... me aguarde e terá o melhor de mim.” (Sei que foi brega, mas a situação não permitia outra coisa, e se ele achasse que estava fazendo doce, para mim tanto fazia. Assim, que me liberasse do cocô, mostraria a que tinha vindo).

Então fui ao banheiro. Gente, não era Motel vagabundo, nem barato. O mínimo que se espera de um Motel, bom, é que tenha um sistema de esgoto descente.

Sentei na privada e me liberei. Para dizer a verdade, me libertei de uns dois quilos de cocô.
Fiquei até com a barriga chapada.

Trabalho feito, hora de dar a descarga e... a porcaria não tem potência para descer o bolo fecal!!!

O desespero toma conta de mim.

Forço a privada e ela dá sinal que que vai entupir e vazar água com cocô. Estava quase enfartando. Só faltava uma torrente de cocô inundando o banheiro e o quarto, ilhando o gato na cama do Motel.

Bom suspendo a descarga, pego a touca de plástico do motel e retiro o cocô da privada. Ligo antes o chuveiro, para despistar e justificar minha demora. Nenhum lugar para jogar o cocô. Não tinham colocado lixeira na porcaria do banheiro!!! Nem acreditei!!!!

Quem seria o coordenador dos serviços de limpeza do Motel?!?!?! ISO ZERO!!!!

Daí me restou o basculante da janela. Sem pensar em nada, nem no meio ambiente jogo o cocô pela janela.

Livre da prova do crime, tomo um banho redutor de stress, e jogo o shampoo para fazer um cheiro bom no banheiro.

Nisso o efeito do álcool já havia sido drasticamente diminuído e pensei: O que será que me aguarda lá fora? Talvez não seja tão bonito, mas só pensei na química. Se tinha rolado química meu corpo não iria me trair.

Abro a porta, menos tensa, mas não isenta dela, e vejo que o cara é realmente gato. Bonito e corpo legal.

Coisa ótima ficar com ele ali. Super química e muito sexo. E, surpreendentemente, para sexo com um estranho foi muuuuito bom.

Conversamos e ele também era legal. Falou sobre trabalho, coisas do dia a dia e eu também. Eu nem quis comer por conta do fatídico acontecimento, que, inocentemente, achava eu tinha encoberto sem deixar rastros.

Banheiro tranquilo, tomamos banho e... hora de partir. Conta paga. Descemos a escada e quando menos espero....

Lá estava ele, o cocô de dois quilos!!! Em cima do capô do carro do gato!!!

O cara olhou e ficou indignado. Como assim?!?! Falava ele comigo. Jogaram bosta no meu carro? É isso que estou vendo?!?! Não é possível!!! Da onde veio essa merda toda?!? Desculpa o palavreado, mas isso não está legal não. Vou ligar agora na gerência para reclamar e ver de onde veio tanta bosta. É um absurdo!!!

Para a minha sorte o cara não olhou para cima em direção ao basculante do nosso quarto, um pedaço do coco lá estava para deixar a trilha...

Olhei para ele chocada e disse: “Olha só. Já está tarde, não gostaria de escândalos aqui. Até ser apurado de onde veio esse cocô, já vai ser umas 9:00 h da manhã. E, sinceramente, não posso chegar nove da manhã em casa. Na verdade, agora 4:00 h já está tarde para mim. Nos conhecemos hoje. Já ficamos de cara. Gostaria que você me poupasse de exposição. Mesmo porque, depois de tudo, vão te oferecer uma ducha no lava jato. Pago para você e, ainda, te dou um plus, entres os esfregões do lava jato. Pode ser? Realmente, gostaria de não ficar exposta.” (e nisso meu coração quase saindo pela boca. Desespero total!!!).

Ele carinhosamente me olha e diz:” Desculpa, acho que não fui educado. Realmente, não é para tanto. Acho que me excedi e não queria te constranger e de forma alguma quero você pagando a ducha do lava jato ...” (Excedeu? O carro com uns dois quilos de bosta espalhados por cima e ele diz que excedeu? Cara super educado ou acho que merecia o Oscar por minha atuação desesperada). Ele completa: “Marcamos outro encontro e faremos algo bem mais interessante que lavar o carro. Vamos embora e deixo você em casa. Depois resolvo isso.”

Na hora que escutei casa me aliviei. Mas o resolvo depois, confesso, me deixou tensa. Pensa bem se ele volta ao motel e descobre que tudo aquilo saiu de mim e, que, não satisfeita em defecar horrores, joguei tudo no carro dele.

Não há explicação para o acontecimento, para os fatos, nem em cinema isso iria acontecer.
Tanta variável negativa em um só evento? A probabilidade disso acontecer é muito pequena. E lá estava eu vivendo uma exceção.

Bom, pensei. Uma noite só. Uma ficada. DANE-SE. Ele nem vai me procurar e caso venha cobrar a limpeza do carro, pelo menos tenho dinheiro para pagar uma geral no carro dele.
Chego na porta de casa e me despeço, rapidamente.

Ele: “Calma. Me passa seu telefone.”

Tico e teco pifando... Minto o telefone? Meu endereço ele sabe... Enfim, melhor resolver as contas do cocô pelo telefone, do que na porta do meu prédio. Forneço, então meu número.
No dia seguinte, número desconhecido me liga. Atendo... o gato.

Conversamos, e ele diz que quer me encontrar. Coração dispara novamente. Será que para tratar dos dois quilos de cocô?

Enrolo e digo: Mas você conseguiu resolver o problema de ontem?

Ele: “Na verdade temos que analisar que ontem tivemos mais solução que problema, no contexto geral. Mas sim, resolvi o problema e me desculpe, mais uma vez pela exaltação. Não justificava uma cena daquela. Mandei lavar o carro e ele já está pronto.”

Eu: “Claro, pronto, mas esperemos que não pronto para mais uma coisa daquela de ontem...”
Ele: “Depende de qual parte. 90 por cento de ontem tenho certeza que ele está não só pronto, mas ansioso por repetir.”

Final da história: Por incrível que pareça namoramos e recentemente casamos. Se ele vai saber que aquele cocô era meu... isso não sei... acho que, como diriam minhas amigas advogadas: já prescreveu.

Como atuante na área de exatas só posso dizer uma coisa: tantas variáveis desfavoráveis como as daquele dia, estatisticamente falando, parece coisa surreal.


FOTO DA WEB




Nenhum comentário:

Postar um comentário