Um sábado,
conversando com uma pessoa muito querida, ela comentou se nos meus grupos de WhatsApp
as meninas mães(chamo as amigas da minha mãe de meninas – então por favor
considerem isso quando lerem “meninas”) só sabiam falar da perfeição que era a
maternidade.
Se não tinham outra coisa para falar, porque no grupo dela, de
várias amigas, fossem de escola, trabalho, faculdade, quase todas eram mães,
ficavam falando sobre a maravilha de ser mãe, sobre se completar sendo mãe. Que
se pudessem não fariam mais nada a não se se dedicar a maternidade. Que nenhuma
mulher é inteira, até descobrir a maternidade.
Ela não é mãe e,
com os olhos marejados, me perguntou sobre isso. Porque não tinha coragem de
tecer críticas, porque iriam dizer que era uma recalcada, sem ser casada e sem
ter filho.
Pois bem,
resolvi ser sincera. Tipo “Joselito sem noção”.
Primeiro porque
acredito que tomos nós seres humanos somos completos. Não nascemos faltando
nada. Não temos que tentar nos completar com o externo. A completude não vem de
fora, não vem do outro, vem de dentro de nossa alma. Podemos ter 10 filhos, se
não formos completas, não terão eles, o condão de nos completar.
Fora que a
criança já nasce com o fardo gigante. Não sabe falar, andar, comer sozinha (sim
bebês não nascem sabendo sugar o seio- é difícil amamentar). E não bastasse uma
séria de coisas que eles têm que aprender, ainda, ter que completar outro ser
que viveu muuuito mais que ele e que, ainda sim, com tanta experiência, não
conseguiu se completar... vamos combinar... Não é justo né?
Outra coisa, ser
mãe é difícil... muito difícil.
É não dormir
direito. É não ter tempo para tomar banho sossegada, nem fazer coco sozinha.
É arrumar filho,
sacola, coisas do bebê e, quando perceber, só ter cinco minutos para se trocar,
maquiar, e arrumar cabelo.
É chegar num
lugar e ter crítica de tudo quanto é lado: Faça isso. Não faça aquilo. Se fosse
meu filho seria diferente. Nossa, já li sobre isso e não é assim que se faz. E
por aí a fora.
Infelizmente,
apesar de todo o esforço e luta para garantir o feminismo, nós mulheres não nos
ajudamos. Porque? Porque não somos honestas com as outras e nem conosco mesmo.
Porque o politicamente correto não nos permite reclamar.
Tanta briga para
cortar o sonho de princesa das meninas, e a maternidade, ainda é mistificada.
Agora a onda é
ser super heroína e pergunto? Alguém viu a mulher maravilha salvar o mundo com
um menino na “cacunda”. Alguém viu ela salvar o mundo, depois de arrumar casa,
ficar acordada a noite toda, escutar pirraça de menino e desorientar?
Pirraça é uma
coisa que menino supera e, fica, ainda, retumbando no seu ouvido e pulsando nas
veias do seu pescoço mais umas duas horas depois de cessada.
Então... ser mãe
é bom, muito bom. Mas não é tudo e não é fácil.
Temos, ainda, a
mulher dentro da gente, temos a profissional, temos um organismo que precisa se
exercitar, relaxar e descansar. Temos uma vida, além filhos. Porque se assim
não fosse, eles já saíram com a gente do ventre da nossa mãe.
Sei que serei
criticada. Amo meus filhos e faço tudo por eles.
Mas não sou só
mãe. Vivi quase 37 anos sem ser mãe.
Tive vida antes.
E tenho depois. Não posso colocar um fardo a mais na vida deles. Não posso
responsabiliza-los pela minha felicidade. Eles têm a vida deles também.
Terão suas próprias frustrações, terão seus problemas, suas obrigações, suas amizades, e terão
ainda, que se descobrirem e aprenderem o que os farão felizes. Não precisam,
ainda, ter que aprender a me completarem.
Já me fazem feliz
quando me amam, quando me beijam e quando crescem em graça e saúde, e
principalmente, agregando caráter na vida deles.
Agora, não posso
mentir... já chorei muito. Já tive vontade de puxar pelos cabelos e sacudir no
alto.
Já tive vontade
de sair correndo, de fugir, por um dia e voltar. MAS NUNCA FIZ.
Tenho o sonho de
ir para um hotel por um dia e dormir, dormir, dormir, tomar banho, ver filmes e
... ter silêncio.
Quero isso para
sempre? Depois deles não. Mas meia hora para fazer tudo, acho pouco. Todas as
mães, acredito, que acham difícil.
Só que não podemos
falar isso. Nunca!!!! Porque seremos a pior mãe do mundo. A que não ama seus
filhos, a que terceiriza tudo.
Não importa o
que fazemos. Sempre teremos críticas. E críticas de pares.
Eu sempre quis
ser mãe. Mas minhas bonecas não choravam, não pirraçavam e quando eu ia ao
shopping, festas e parques... Acreditem! Elas me deixavam brincar! Ficavam no
carrinho e sabem o que mais? Só tinham fome quando eu lembrava e tinha vontade
de dar mamadeira. E fraldas? Não tinham coco!!! Nunca minha boneca fez coco
numa festa e vazou em cima de mim, tudo amarelinho e fedorento. Acreditam?
Agora, querem
que a gente diga que a maternidade é tão fácil quanto nos parecia ser ao
brincarmos de boneca.
Amor à primeira
vista? Gente, tem hormônio pós parto, tem menino chorando dia e noite e tem uma
mulher insegura achando que é a única que não tem dom para a maternidade. Porque?
Porque os filhos de todas as demais mães do mundo não choram, dormem a noite
inteira e com um mês estão sorrindo. E o mais legal! Todos já saem do útero e
pulam direto no seio e já sugam o leite farto e arrotam sozinhos em 30
segundos.
Não tenho
coragem de falar isso com as futuras mães e com as que não são.
Era esposa,
profissional, filha, irmã, amiga antes de meus filhos. E continuo sendo. Claro
que com muito menos tempo para a primeiras coisas citadas na frase anterior.
Ainda, estou aprendendo e tentando achar o equilíbrio. Se isso é possível? Não
sei. Estou tentando.
Por hora, me acho
NIJAGO por fazer coco em 1 minuto, tomar banho em 2.
Se quero ser
super heroína e fazer cinquenta coisas ao mesmo tempo? NÃO!!! Quero fazer uma
coisa de cada vez. Quero gozar dos momentos, individualmente, e não como se
estivesse batendo roupa na máquina de lavar. Porque até para a roupa ficar bem
lavada temos que separar e bater de várias vezes.
Se até roupa tem
ordem e jeito de bater na máquina para ficar boa, porque eu tenho que fazer
tudo ao mesmo tempo e conseguir que tudo fique excelente?
Nunca vi um
programa da mulher maravilha, da mulher gato, em que elas tivessem que fazer
uma operação de guerra, para poder sair de casa, para salvar o mundo. Que
gritassem da janela: Só um minuto, vou ligar para minha mãe para ficar com as
crianças. Ponte dos EUA, não caia! Espere que irei te segurar, mas só um minuto
porque tenho que trocar a fralda do neném. Malfeitor!!! Não roube a vovó!
Estátua! Assim, que eu terminar de arrotar o bebê vou prender você!
Não as vi
deixando mamadeira pronta, papinha e nem saindo descabelada, depois de meia
hora de choro e ranger de dentes pirracento, e salvar o mundo.
O avião da
mulher maravilha era transparente. Aqui em casa, alguns dias, se não tiver
parede e porta... como eu faria para tampar bagunça...
Enfim, chega de
cobrar. Chega de tentar ser igual Bombril e ter “mil e uma utilidade”.
Amiga... ser mãe
não é fácil. Você terá seu momento. E desejo que tenha coragem, quando chegar a
sua vez, de não mentir, como hoje, suas amigas o fazem, nos grupos de WhatsApp
que você participa.
Você vai chorar,
vai ter medo, mas vai rir a valer com seu filho. Seu coração vai doer quando
colocar de castigo, mas vai sorrir quando perceber que ele aprendeu a ter
limite. Vai dançar com ele: primeiro em seu colo; depois com os pezinhos dele
sobre os seus; e um tempo depois... com os passinhos dele acompanhado dos seus.
Seus olhos vão
marejar e você vai chorar de alegria quando ele andar a primeira vez, quando o
primeiro dente nascer, quando o primeiro dente cair. Quando levar para cortar
cabelo a primeira vez. Quando for para a escola. Quando trocar de escola para a
“grandona”.
Mas, ainda sim, você vai continuar querendo dormir...
Mas, ainda sim, você vai continuar querendo dormir...
Vai ficar alegre
de encapar os primeiros livros, comprar os primeiros materiais. E vai trancar
no banheiro por dois minutos para se recompor (porque sim! Você precisa de mais
tempo para recobrar a sanidade mental, do que para tomar banho ou fazer coco) quando
constatar que fazer para casa é uma batalha diária.
E vai aprender,
quando estiver num restaurante, a não perder a fome, quando no meio do seu
almoço ele gritar: mamãe!!! Coco!
E, independentemente do que pensarmos, do que acham da gente, e do politicamente correto ou incorreto, seremos SEMPRE a melhor mãe para nossos filhos. Porque? Porque, escolhemos ser mães, e como já dizia um velho ditado: MÃE É MÃE!
E, independentemente do que pensarmos, do que acham da gente, e do politicamente correto ou incorreto, seremos SEMPRE a melhor mãe para nossos filhos. Porque? Porque, escolhemos ser mães, e como já dizia um velho ditado: MÃE É MÃE!
PS2: IMAGENS DA WEB
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