Texto de uma
amiga querida. Adaptei seu texto, a mim enviado e confiado, com músicas que me
pareceram combinarem com os seus sentimentos.
Ela, após ler,
gostou e concordou.
Então abaixo,
segue seu relato por mim adaptado:
ME DISSERAM, ME FALARAM, MAS, MINHA VOZ NÃO
CALARAM
Ultimamente ando
muito triste.
Queria não
estar, mas estou. Meu namorado diz que é crise dos 40 anos atrasada, mas não
acho que seja.
É uma tristeza
profunda. Como diriam os filhos da minha colega: “Me bateu doído, mamãe”.
Choro e perco
sono, preciso de remédios para dormir. Me desespero e não sei porque.
Lágrimas E Chuva
Kid Abelha
Eu perco o sono e choro
Sei que quase desespero
Mas não sei por quê?
A noite é muito longa,
Eu sou capaz de certas coisas
Que eu não quis fazer.
Será que alguma coisa,
Nisso tudo, faz sentido?
A vida é sempre um risco,
Eu tenho medo do perigo!
Lágrimas e chuva
Molham o vidro da janela
Mas ninguém me vê
O mundo é muito injusto
Eu dou plantão dos meus problemas
Que eu quero esquecer
Será que existe alguém
Ou algum motivo importante
Que justifique a vida
Ou pelo menos este instante
Eu vou contando as horas
E fico ouvindo passos
Quem sabe o fim da história
De mil e uma noites
De suspense no meu quarto
Eu perco o sono e choro
Sei que quase desespero
Mas não sei por quê
Não sei por quê
A noite é muito longa
Eu sou capaz de certas coisas
Que eu não quis fazer
Quis fazer
Será que existe alguém no mundo?
Eu vou contando as horas
E fico ouvindo passos
Quem sabe o fim da história
De mil e uma noites de suspense no meu
quarto
No meu quarto....
Ando, incrédula
em relação a tudo. “Será que alguma
coisa/Nisso tudo, faz sentido?... Será que existe alguém/Ou algum motivo
importante/Que justifique a vida/Ou pelo menos este instante...”
Não vejo futuro
para o País. Mas acredito que ele exista. Que o futuro brasileiro existe: Penso
na música “Quase sem querer”... Ando impaciente, confusa, mas, diferente da
música, não tranquila e nem contente.
Acho que não
quero provar nada para ninguém, mas tenho dúvidas se estou ainda na fase de
provar que não tenho que provar nada a ninguém.
Quase
sem querer
Canção de Legião Urbana
Tenho andado distraído,
Impaciente e indeciso
E ainda estou confuso,
Só que agora é diferente:
Sou tão tranquilo e tão contente
Quantas chances desperdicei,
Quando o que eu mais queria
Era provar pra todo o mundo
Que eu não precisava
Provar nada pra ninguém
Me fiz em mil pedaços
Pra você juntar
E queria sempre achar
Explicação pro que eu sentia
Como um anjo caído
Fiz questão de esquecer
Que mentir pra si mesmo
É sempre a pior mentira,
Mas não sou mais
Tão criança a ponto de saber tudo
Já não me preocupo se eu não sei por que
Às vezes, o que eu vejo, quase ninguém vê
E eu sei que você sabe, quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você
Tão correto e tão bonito
O infinito é realmente
Um dos deuses mais lindos!
Sei que, às vezes, uso
Palavras repetidas,
Mas quais são as palavras
Que nunca são ditas?
Me disseram que você
Estava chorando
E foi então que eu percebi
Como lhe quero tanto
Já não me preocupo se eu não sei por que
Às vezes, o que eu vejo, quase ninguém vê
E eu sei que você sabe, quase sem querer
Que eu quero o mesmo que você
Sabe aquela
luzinha no fim do túnel? Pois então, não a vejo. Apesar de saber que ela está
lá.
Mas não tenho óculos
para ver...
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São coisas
pequenas que me fazem perceber a dificuldade que nós brasileiros temos para
debater e argumentar. Nos basta apenas um lado da versão, e pronto! Já ocorre
uma avalanche torrencial de críticas, como se todos fossemos os donos da
verdade.
Todos têm
direitos, ninguém tem deveres.
Vejo jovens de
30 anos, com estilo de vida de meus bisavôs. Nada de casamento sem traição.
Casa-se para teste drive. Depois, vem
o cansaço, a rotina (eles têm horror a rotina) e pronto, lá está a traição. A
mesma traição das décadas de 20/30.
Pensar que
lutaram tanto na década de 60, para que as pessoas pudessem ser sinceras e
terem a vida livre de convenções e pudessem se separar e amar a quem quisessem.
Hoje, todos
podemos, mas a traição permanece. Não me faz sentido. Não é para jogar limpo? Porque
então o medo de terminar um relacionamento. De ser honesto com você e com o
outro?
Quer viver com
3, 4 pessoas? Ok. Senta e conversa com elas e vejam se elas topam. Mas, ter
mais de uma pessoa, com o compromisso de exclusividade por parte do outro, e
fingir que você faz o mesmo, não. Não está certo. E porque viver com alguém,
com exclusividade se você não quer? “mentir pra si mesmo/É sempre a pior mentira”
Não é fácil
terminar nada. Principalmente relacionamentos. Talvez tenhamos criticado nossos
avós. Tenhamos impingido a eles uma culpa e, quem sabe, agora, tenhamos
constatado que o estilo de vida deles não era assim, tão cínico. Ou então
diante da incapacidade de seremos corajosos, tenhamos aderido ao jeito cínico
deles e, hoje com a liberdade que temos, optamos por voltar a cela por ser mais
confortável.
Liberdade... ah!
A tão sonhada liberdade... nos é cara porque nos obriga a tomar atitudes e
posturas que, talvez, não queiramos assumir. E ser livre é assumir
responsabilidades e, não delegar essas, ao outro. É assumir as rédeas de nossas
vidas e pagar o preço de nossas escolhas. E nem sempre é fácil pagar o preço
por nossas escolhas.
Entrei no Banco,
outro dia, e ouvi a conversa da neta com a avó. (Sim, ouço conversas alheias,
quando estou atoa numa praça de alimentação, ou numa fila de banco, ou até numa
fila de banheiro. Em qualquer lugar que esteja...)
Bom, a neta de
vinte e poucos anos e, a avó, certamente, com mais de 70 anos. Ao que parece a
neta estava acompanhando a avó, porque era essa última que iria movimentar a
conta.
A moça olhava ao
redor com uma certa revolta. Respirava fundo. O Banco cheio. A certa altura
virou para a avó e disse:
- Olha só vó.
Esse país é mesmo o “Ó”. Estamos aqui no Banco e não há nenhum negro aqui.
Muita hipocrisia da burguesia.
A avó olhou ao
redor e vendo o vigilante e disse:
- Tem negro aqui
sim minha filha. Olha o vigilante ali. Ele é negro.
A neta
respondeu:
- Ah vó... ele
não vale.
- Porque filha?
Ele vale menos que alguém aqui? Porque é vigilante e negro?
-Não vó. Não
vale porque não está aqui para ser atendido.
Quer dizer, sei
que ela queria dizer das condições sociais que foram propiciadas à comunidade
negra em anos de existência brasileira. Mas, na sua defesa sobre a raça negra, sobre
condições sociais, cometeu preconceito da mesma maneira. Discriminou e desfez,
em razão da profissão, do negro, funcionário do Banco.
Me deu tristeza,
a moça não saber defender seu ponto de vista de maneira coerente. E é isso que
está acontecendo.
Estamos refém da
intolerância e ignorância.
Estamos refém da
crise econômica, financeira e institucional que se abateu no país.
A violência
aumenta...
Os índices de
suicídio aumentam. E a luz no fim do túnel, insiste em ficar longe. Não sei se
por falta de óculos ou se pelo tamanho do túnel, que está extenso demais.
Sei que não há
mal que sempre dure...
“E eu sei que você sabe, quase sem
querer/Que eu quero o mesmo que você”
Queremos um país
e um futuro melhor. Queremos que a luz do fim do Túnel saia do fim. Não
queremos chegar ao fim. Na verdade, queremos que o início se ilumine.
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Quero me sentir
mais forte, mais feliz. E sei que pouco sei. Preciso de paz para poder sorrir.
Preciso achar a minha estrada, na verdade ser a minha própria estrada. Afinal,
todo mundo um dia chora, e cabe a nós compor a nossa história e ser feliz.
Porque só nós somos capazes de nos fazer feliz. Espelhar nossa felicidade em
outrem, é impedir que reconheçamos o que, realmente, nos faz feliz. E aprender
a nos reconhecer e nos perdoar... isso é doído. É processo sofrido. É
amadurecer...
Tocando Em Frente
Almir Sater
Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei
Ou nada sei
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Todo mundo ama um dia
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
E no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz
Não importa o
quão distante estejamos de ser um Brasil justo, solidário. Importa que um dia,
nossos cabelos lisos ou encaracolados, a água azul do mar vai molhar e nossos
pés a areia branca irão tocar. Janelas e portas vão se abrir para todos. Vamos
voltar para a nossa gente. Seremos uma só gente. O túnel não será tão grande...
o mundo não será tão grande e nem e as luzes estarão tão distantes.
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Debaixo Dos Caracóis Dos Seus Cabelos
Caetano Veloso
Um dia a areia branca
Teus pés irão tocar
E vai molhar seus cabelos
A água azul do mar
Janelas e portas vão se abrir
Pra ver você chegar
E ao se sentir em casa
Sorrindo vai chorar
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Uma história pra contar
De um mundo tão distante
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Um soluço e a vontade
De ficar mais um instante
As luzes e o colorido
Que você vê agora
Nas ruas por onde anda
Na casa onde mora
Você olha tudo e nada
Lhe faz ficar contente
Você só deseja agora
Voltar pra sua gente
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Uma história pra contar
De um mundo tão distante
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Um soluço e a vontade
De ficar mais um instante
Você anda pela tarde
E o seu olhar tristonho
Deixa sangrar no peito
Uma saudade, um sonho
Um dia vou ver você
Chegando num sorriso
Pisando a areia branca
Que é seu paraíso
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Uma história pra contar
De um mundo tão distante
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Um soluço e a vontade
De ficar mais um instante
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