Prezadas amigas,
São 10:20 h da noite e aguardo às onze para dar mamadeira para meu
filhotinho que está lindamente dormindo. Mais uma vez tenho problemas com a
tecnologia. Não consigo alterar o padrão em que a tela se apresenta e as letras
temam em brotar gigantescas na tela.
O Galo está jogando e pelo barulho da comemoração dos que assistem
TV obviamente está ganhando.
Subitamente, uma moça começa a gritar: “Socorro, socorro! Ele
estava armado e levou meu sapato. Eu tentei ir atrás dele mas não consegui”.
Alheios ao ocorrido e pelo barulho da comemoração de um quase certo gol da Galo
(digo isso pois obviamente se estou escrevendo, não estou vendo o jogo) ninguém
dentro dos prédios houve. Entretanto, moradores da comunidade chegam aos poucos
para acalentar a vítima de roubo (art. 157 do Código Penal.)
Fico tranquila, porque todos a ajudam e ela Graças a Deus recupera
seu sapato, que um gentil moço conseguiu pegar o meliante.
Subitamente sou tomada de uma inteligência de computação e consigo
configurar a página de forma que as letras conseguem voltar ao tamanho que me
agradam.
Estava vendo “CASTLE” na TV e sinceramente é uma das séries que
mais gosto
Indico a todas, principalmente, depois do capítulo de hoje em que
a tensão sexual entre os protagonistas cede e eles se beijam.
Ela molhada da chuva bate na porta de Castle e se declara.
Tão lindo, sexy e romântico, que tenho vontade de gritar de tanta
emoção.
Não é sempre que uma declaração de amor fica tão bem com alguém chegando
debaixo de um toró para efetivá-la. (Corrijo-me, com certeza ser pego
desprevenido enquanto vê sua TV, por uma pessoa que atravessou a cidade em
plena chuva e chegou ensopado em sua casa para te beijar... Definitivamente
isso é muito sexy e romântico, não há desculpas esfarrapadas que consigam
desmentir isso).
Infelizmente, o Capítulo acaba com um caloroso beijo, vários... e,
amigas, cada um mais bonito que o outro. Muito, muito sexy, sem, contudo, ser
vulgar. E óbvio a roupa molhada tem que ser tirada.
Ainda faltam alguns minutos para a mamadeira do meu filhote. Não
tenho forças para realizar nenhuma leitura, sinto-me muito cansada para tal
tarefa. No entanto, se dormir, acordo às quatro horas da manhã com alguém
faminto por uma mamadeira.
Troco de canais zapeando e lá está um filme que não me canso de
assistir: “Sexy and the City”. Já assisti dezenas de vezes e não me enjoo. É
impressionante como cada personagem reflete bem os estilos de cada mulher. Dá
para se identificar com uma delas. Todas as mulheres que assistiram a série,
sabem com qual personagem se parecem mais.
Eu especificamente não me identificava com nenhuma. Não me sentia
enquadrada no perfil de nenhuma delas, mas no fundo sabia eu era só uma falha
de entendimento. Ao assistir “Sexy and the City 2”, vi com quem me identificava
melhor.
A cena da Charllote falando com a Miranda sobre a maternidade é de
uma sinceridade ímpar. Ser mãe é muito exaustivo, porém recompensador. Mas
concordo com o que uma minha colega me falou uma vez: “Pensa bem, é muito injusto...
babá tira férias, empregada tira férias, marido sai para relaxar sem hora para
voltar. E a nós o que sobra? Um horário espremido para encontrar raramente com
as amigas e, assim, mesmo, sempre somos interrompidas... pois alguma coisa
urgente acontece e os maridos não podem lidar com elas. Tipo: uma troca de
fralda, uma pirraça incontrolada...
Enfim, coisas que eles julgam que só o amor materno tem condições
de resolver.
E lá se vai mais uma tarde sem conseguirmos colocar o papo em dia.
No filme, a Charlote insiste em sempre mostrar o quanto a
maternidade é magnífica. O quanto é gratificante, e, o quanto não atrapalha ou
esgota a mãe.
Mas em Abul Dab ela finalmente consegue dizer e admitir para ela
mesma que embora quisesse muito ter filhos... às vezes tinha vontade de sumir.
Que Rose sua filha chora o tempo todo e que, às vezes, entrava para o quarto e
a deixava chorando com a babá. E o pior, quando uma das colegas fala que sua
babá é muito sensual, que não usa sutiã e o efeito Jude Law podia acontecer, ela
só consegue pensar: “Meu Deus!!! Mas, eu não posso perder a minha babá!” E
completa “Como as mães sem ajuda conseguem? Um Brinde a elas, pois merecem.”
Então, profissional do Direito que sou, sou assombrada mais uma
vez pela palavra INJUSTIÇA. Meu Deus será que ela é a única a persistir e
insistir em aparecer sem sutilezas na vida de todos?
Acho que gostaria que vivêssemos no maravilhoso mundo de Bob.
“Sonhar não custa nada, não se paga para sonhar.” Entretanto, para sonhar é
preciso tempo de sono coisa que ultimamente não estou tendo.
Mas, realmente, de uma coisa não posso reclamar. Tem um bebê lindo
em seu quartinho me esperando. O Galo está ganhando e, não fui assaltada em
plena noite, neste frio.
Injustiça, justiça, acordo, audiência de conciliação... talvez eu
não teria que trabalhar e pudesse me dedicar a coisas que realmente importam:
aproveitar a vida, lanchar todas as tardes com amigas, viajar, namorar mais o
maridão, curtir mais meu filhote e principalmente não sentir tanta culpa por
não ser perfeita.
E, ainda, mais se não houvesse a ditadura da mulher magra e
gostosa eu poderia estar enchendo a cara de comida gostosa e não só de
grelhados, saladas e legumes e não estaria restringindo os carboidratos.
Poderia, ainda, ter os sotaques dos artistas Globais, e aonde eu
fosse não me fariam a pergunta de sempre: “Dá onde você é? De Minas tá na cara,
mas de qual cidade do interior especificamente?” Da Capital, respondo. “Sério
não parece” me retrucam. A vontade que tenho é de dizer, na verdade é você que
está ouvindo mal. Uma consulta no otorrino te faria bem. Lá existe a opção de
se lavar os ouvidos e, assim você poderia perceber que eu sou praticamente a Fátima
Bernardes narrando as reportagens do Jornal Nacional (só que não kkkkk)
Agora, a mamadeira me chama e não pretendo ser acordada às quatro
da manhã.
Beijos,
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