quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

MERGULHO NA DÉCADA DE 80 COM ROUPA NOVA

MERGULHO NA DÉCADA DE 80 COM ROUPA NOVA



E o tempo passa...



 Mais um texto que fiz há algum tempo e compartilhei com minhas fieis escudeiras.

Prezadas amigas,

Esqueci-me de comentar que recentemente fui a um show do Roupa Nova. Tudo de bom, mas tudo de bom mesmo!

Quando a banda entrou no palco foi como se vinte anos desaparecessem e eu voltasse para a época da hora dançante, sexta jovem no Iate Tênis Clube,  para as músicas que literalmente nos permitiam dançar, enfim...uma época que não volta mais. Fiquei emocionada e com aquele aperto no coração.

Aí resolvi lembrar mais profundamente a tão “saudosa” década de oitenta, início da noventa.

Nossas roupas balonê, plush, para que tinham mais dinheiro o uso do New Wave, Gumex, ou, no meu caso, gelatina incolor sem sabor para amassar o cabelo e deixá-lo armado feito arapuca por mais tempo.

Daí lembrei das horas dançantes na casa de um colega, João, que morava na orla da Lagoa da Pampulha. A casa era nova e o pai dele tinha feito uma boate com um globo e luzes coloridas que giravam e espelhos que refletiam as luzes na parede. Coisa de gente rica da época, com gosto da época.

Então a mãe dele colocava uma tanto de cadeira contornando o salão (igual aos casamentos da época – alguém consegue lembrar? Rsrs - Um tanto de cadeira, uma ao lado da outra, em volta de todo o salão).

 Cada um levava um prato de salgado e a mãe do João fazia uma bacia de ponche de maçã com uns pedacinhos delas jogadas e boiando na tina. Para servir uma concha de feijão e copos descartáveis.

E lá íamos para a festa. (Detalhe na época eu era a mais alta da sala e tinha mais de vinte quilos do que minhas colegas).

Colégio de Freira... o que significava uma hora dançante com quarenta meninas, o João e mais quatro meninos.

E mais! As meninas ficavam sentadas nas cadeiras, os meninos no centro do salão escolhendo com quem dançariam, como se fossemos batatas de sacolão.

Uma a uma as meninas eram chamadas para dançar e óbvio como ninguém trazia carrinho para a feira, a melancia, aqui, ficava sentada, sem ser convidada para dançar a noite toda. Minha amiga Maíra, que sempre insistia para que eu fosse a acompanhando, não parava de ser convidada para dançar a noite toda, e eu sobrava feito jiló na janta. Para ser mais sincera sobrava feito jaca de pomar.

Toda vez eu falava com a Maíra que eu não iria, pois ficaria sozinha. Mas, na época, não usava menina ir desacompanhada em uma festa e, como ela era filha única, se eu não fosse, ela não podia ir. E quando eu já estava determinada a não ir ela usava o golpe baixo: “Mas tem o ponche de maçã da mãe do João...” E lá ia eu fazer companhia para a tina de ponche.

Durante muito tempo não me importei, pois além de mim, ficava encalhada outra menina, que o pessoal apelidava de “macho man”. Então, o bulling da época era a exclusão da menina “macho man” e da Leiticia de leitão” (meu colega dislexo disse que meu nome “Leiticia” tinha sido muito bem escolhido por minha mãe pois derivava de Leitão, uma coisa que eu muito parecia).

Assim, eu e “macho man” ficávamos sentadas a festa inteira. Só que não próximas, pois eu me colocava estrategicamente próxima a tina do famoso ponche de maçã da mãe do João.

Ocorre que certa vez esta colega foi convidada para dançar e aí eu indignei TOTAL. Entre uma pessoa gorda  e ela,  EU ser descartada foi horrível. Eu literalmente não era opção. Eu era menina, estudiosa, mas o menino parado no salão olhou para mim, para ela, e escolheu ela. Pior, ela ainda disse que não gostava de dançar com menino e que era para me chamar. O menino naturalmente olhou para mim, para ela, e respondeu; “Com a Letícia não dá, pois não tem como contornar a cintura dela, meu braço não é grande o suficiente”. E ela falou: “É só dançar com duas mãos no ombro dela”. E ele: “Mas eu não quero.” E ela, também, não quis pois, como já havia dito, não dançava com menino.

A música que tocava era aquela do Roupa Nova “confessar sem medo de dizer que sente amor mas não sabe muito bem como vai dizer. Te dou meu coração se viajar comigo...”

Foi bom, afinal o Roupa Nova, então, me ajudou a emagrecer 25 Kg.

Depois de emagrecer e com ajuda de outra amiga, tinha companhia para dançar nadando no ar, fazendo coração, imitando o trem azul. Enfim, tinha companhia para dançar coreografias inspiradas nas letras das músicas, o que facilitava em muito no baile do Funil em Vespasiano. Quando a “muvuca” se instalava, era só dançar coreografado, para o clarão se abrir, e a gente ter, sem custo adicional, um espaço VIP, no Baile.

Neste Show de agora foi uma catarse, dancei como naquela época. Achei que, como essa outra amiga não estava, minha coreografia seria isolada. Mas qual não foi minha surpresa!!! Minha alma gêmea estava lá dançando, tal qual a mim, e sem nem me ver. Um rapaz de vinte e poucos anos fazendo as mesmas coreografias que eu. E o namorado dele atualizando o Facebook com fotos dele a todo instante.

De repente, a emoção!!! Roupa Nova começa a cantar “linda só você me fascina...” Quando meus olhos começam a marejar olho para o lado e minha alma gêmea já estava aos prantos nas pontinhas dos pés sendo consolado pelo namorado que também chorando sacou o celular e tirou uma foto dos dois chorando e mais uma vez, atualizou seu Facebook.

Então fiquei pensando porque eu gostava tanto do Roupa Nova, mesmo me trazendo minhas memórias da fatídica época em que tinha 25 Kg a mais. Parada, olhando com olhar de peixe morto para o palco, notei o clipe que passava no fundo do palco. Clipes variados das músicas e mostrando a vida como ela é. As mulheres do clipe sem fotoshop de biquíni de alcinha com pelo menos 10 kg a mais do que o recomendado pela Associação Médica de Cardiologia, aparelho nos dentes, cabelos desgrenhados, sem escova, jogados ao vento. E as que riam e pulavam mais, eram enquadradas numa janelinha, que imitava aquela janela de navio redonda, e recebiam destaque no clip. Daí vi porque sempre gostei e, ainda gosto, do Roupa Nova: Se eu tivesse ido num show deles há 20 anos atrás, com certeza eu seria destaque na janelinha do navio.

Gente, foi muito bom, muito bom mesmo. Indico para todas.                                                                
Beijocas,
Lê.
PS: O Bruno do “Leiticia” muito tempo depois, quando eu já estava magra, me encontrou numa festa dançante. Ele já tinha saído do Santa Marcelina pois iria tomar bomba, e, obviamente, não me reconheceu. Chegou como que não quer nada, se aproximando cada vez mais de mim e disse: “Oi, tudo bem? Posso te conhecer?” E eu disse: “Não... você não pode me conhecer, uma vez que você já me conhece. Eu sou “Leiticia” de leitão. E a propósito sua mãe foi muito feliz na escolha do seu nome Bruno de Burro, porque genética burra você já tem: só burro para colocar o nome Bruno que significa “moreno” num menino loiro.” (Note-se aí um ligeiro desconto de bulling acumulado durante alguns anos). Assim, faço o mea culpa aqui...
PS2: A mãe do João hoje tem uma casa de festas para casamentos com Buffet e tudo. O que vocês acham? Devo cobrar porcentagem nos lucros? Afinal se não fosse eu para tomar todo o ponche de maçã, talvez ela não ficasse estimulada a virar banqueteira.




PS: Imagens tiradas da web


Nenhum comentário:

Postar um comentário