Bom, para vocês irem se inteirando
de minha dificuldade tecnológica... Esse texto, escrevi há mais de 4 anos
atrás...
Cá estou eu, no
escritório aqui de casa, numa cadeira que não me agrada, com um monte de
bagunça espalhada pelo ambiente.
Sim, ao contrário das
casas em que o escritório é um lugar de trabalho, estudos e reflexão, o daqui de
casa virou o quartinho da bagunça! Especialmente depois de ter transformado o
bercinho do meu filhote em caminha.
Estou tentando acreditar
que foi uma boa ideia, mas desde o fato, não consigo dormir. Ele escorrega da
cama, e cai no colchão que eu coloquei em baixo da cama. Reclama, resmunga e
com isso tanto ele quanto eu não conseguimos ter uma noite reconfortante de
sono.
Aliás, quem consegue?
Por fim resolvo colocá-lo
direto no colchão no chão, mais seguro. Sim, mais seguro e com certeza mais
cômodo. Porque como diz minha mãe “Do chão não passa!”
Mas, sinto que estou
desviando do assunto e devaneando, assim como alguns com quem convivo o fazem.
E quem os chama para a realidade, para que os devaneios não ocupem tempo maior
que o necessário? Eu, euzinha.ante,
que saiu há poucos dias, arrebentou os cabos do computador do escritório de
forma que, qualquer movimento, ainda que leve, nos fios, desconecta tudo, tudo
mesmo (internet, telefone, computador e etc). Como, não pretendo ficar
abaixada, mudando o fio de posição toda hora, até ele se conectar de novo... cá
estou eu... Bem no olho do furacão da bagunça.
Pelo menos, referida
bagunça se restringe a um cômodo da casa.
Às vezes me sinto
deslocada, como se só eu não soubesse lidar com computador e avalio o
comentário de uma amiga sobre eu me inteirar da evolução “internética” e fazer
um blog... e aí resolvo pensar mais um pouco pois, me vem à lembrança um dos
tantos Juízes com quem já trabalhei.
Ele muito ansioso, gostava
de aproveitar todo o tempo da maneira mais eficiente possível. Mas, parecia que
ele sentia que a escrivã não o atendia, plenamente, de forma que diversas vezes
ele, educadamente, e muito polidamente dizia: “A Sra. se importa se eu digitar?
Acho que como tenho mais desenvoltura com a audiência meu cérebro acompanha
melhor se eu digitar.”
Ela: ‘Perfeitamente
Doutor...’
E lá íamos nós para a
maratona “digitalística”.
Ele digitava, digitava,
digitava e quando já estava quase colocando um ponto final.
Pimba!
Notava no meio do texto
uma linhazinha vermelha embaixo de uma palavra que não estava corretamente
digitada. Então, ele calmamente vinha apagando a frase inteira até chegar na
linha vermelha e corrigir o erro de digitação.
Nesta hora eu me sentia o
próprio Alexandre o Grande, com um intelectual capaz de dominar o mundo.
Afinal, conhecia o poder que o mouse tinha de, pulando toda a frase, sem
apagá-la, capturar a linhazinha vermelha e eliminá-la, corrigindo a palavra.
E, assim, ele o fazia e,
por diversas vezes...
No início a escrivã
revirava os olhos, suspirava...
O Promotor dava uma risadinha...
E eu ficava lá... olhando
as letrinhas aparecendo e sumindo imaginando um barulhinho de tec, tec, tec, que as máquinas elétricas
de datilografar faziam quando a gente, assim procedia.
Vez ou outra eu o
alertava, antes de continuar a digitar que havia um erro, mas não sempre, para
não constrangê-lo.
Mas no final, todos
acostumamos com a famosa “rapidez” que ele, assim julgava, que impunha às suas
audiências.
E afinal, era para isso
mesmo que ele estava lá. Para julgar. Se, assim, considerava que julgava
melhor, então estava tudo bem.
Mas certa vez... deu um
pouco de aflição a situação. Ele tinha digitado tudo. A ata estava toda pronta
quando, de repente, não mais que de repente, ele identificou a famosa linha
vermelha na parte: “apregoadas, as partes...” (Que são umas das primeiras
palavras da ata).
E ele já tinha digitado
tudo, tudo mesmo.
Quando ele começou a
apagar eu disse: “Excelência, o senhor me permite uma observação?” Claro
Doutora, a senhora quer fazer um aparte, para constar na ata? Esqueci de
perguntar. E o Promotor? O Sr. também gostaria?”
Não doutor, não precisa
constar da ata, é só que não há necessidade do Doutor apagar tudo para corrigir
o início da ata. É só pegar o mouse. Esse negocinho aí do lado, parecendo o
ratinho, e clicar em cima da palavra sublinhada de vermelho, e corrigi-la.
“Nossa é mesmo? Eu achei
que isso (mouse) fosse só para usar aqui em cima, na... Como é mesmo o nome
disso aqui Sra. Escrivã?”
Ela: Barra de ferramentas
Doutor.
Ele: “Isso! Mas foi muito
oportuno a Doutora me avisar, agora vamos poder aproveitar muito mais nosso
tempo, não é mesmo? A tecnologia evolui muito rápido e se a gente não prestar
atenção perde tempo. Por exemplo, isso que a Doutora me falou, de o mouse
corrigir as palavras sem necessidade de apagar tudo, deve ter sido instalado
recente no computador daqui, pois o Tribunal trocou recentemente os... Como é
mesmo o nome Sra. Escrivã?”
Ela: Programas, Doutor.
Ele, mais uma vez, diz: “Isso!”
E todo satisfeito, olha
para a Escrivã, para o Promotor e diz: “Gosto dessa Doutora ela é muito
observadora e acompanha os detalhes da audiência, faz manifestações pertinentes
e, ainda acompanha a evolução da tecnologia...”
Então, fico satisfeita,
recordando este fato penso: “Conquistar o Mundo!" Se Alexandre o Grande tivesse
conhecido o mouse, certamente, a
América não teria demorado tanto para ser Descoberta.
Agora, bora dormir, porque, apesar da minha "evolução", em 4 anos...
Se navegar é preciso... Dormir é FUNDAMENTAL.
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